Brasil e América Latina figuram no centro de debates e experiências durante o BLC 2025

A 15ª edição do Brazilian Lymphoma Conference (BLC 2025), promovida pela...

A 15ª edição do Brazilian Lymphoma Conference (BLC 2025), promovida pela Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), teve início no dia 9 de abril em formato virtual, reunindo 300 conferencistas de diferentes países. Na cerimônia de abertura, o presidente da ABHH, Dr. Angelo Maiolino, destacou o papel do BLC como um dos eventos mais tradicionais da hematologia brasileira e sublinhou o compromisso da entidade com o avanço científico por meio de ações como o HEMO, o HEMO.Educa e a publicação da revista HTCT. 

Já o chair do evento, Dr. Carlos Chiattone, enfatizou o caráter internacional da conferência: “Temos oportunidades por ser virtual, o que possibilita convidarmos e termos um grande número de palestrantes de diversos países, todos reconhecidos pelo trabalho que têm”.

Ao longo dos quatro dias de evento, o BLC 2025 promoveu uma imersão nas mais recentes descobertas e abordagens terapêuticas para diversos tipos de linfomas. No primeiro dia, o destaque foi para os linfomas agressivos e com características especiais, com a presença de especialistas como o Dr. Christopher Flowers (EUA) e Dr. Miles Prince (Austrália). 

Um dos momentos mais marcantes foi o debate sobre anticorpos biespecíficos versus terapias CAR-T, com participação dos Drs. Guilherme Perini e Jayr Schmidt Filho, que culminou no comentário da Drª Belinda Simões (Alemanha): “Essa é uma discussão de alto nível”. A programação também incluiu simpósios corporativos e homenagens ao Dr. Bernardo Garicochea, referência na genética aplicada à oncologia.

O segundo dia teve como foco o linfoma de células do manto, a leucemia linfocítica crônica (LLC), o linfoma folicular e os linfomas de células T periféricas. Os debates trouxeram diferentes perspectivas sobre padrões terapêuticos globais e suas adaptações à realidade brasileira. “Muitos dos pacientes que encontramos mudaram a nossa prática clínica”, disse o Dr. Timothy Fenske (EUA) ao compartilhar experiências sobre o tratamento de LCM. A Drª Lydia Scarfò (Itália), ao falar sobre LLC, destacou que “escolher a primeira linha de tratamento vai afetar as linhas seguintes”. Já nos casos de linfoma folicular, Dr. Pier Luigi Zinzani observou: “Nos últimos anos, tivemos novas terapias e a maioria não inclui a quimioterapia”.

Na sexta-feira, a sessão dedicada ao linfoma de Hodgkin abordou desde terapias de primeira linha até o tratamento de casos recidivados e refratários. O Dr. Otávio Baiocchi discutiu o embate entre os esquemas BRECADD e Nivo-AVD, ressaltando que a escolha terapêutica deve considerar o microambiente do paciente. “Já aprendemos que Hodgkin não é tudo igual”, afirmou. 

A Drª Anna Sureda Spain trouxe uma análise dos avanços terapêuticos e sugeriu que, diferentemente do linfoma não-Hodgkin, no Hodgkin o entendimento é mais direto, recomendando: “Devemos investir em estudos clínicos prospectivos para contribuir com a prática clínica”.

Encerrando a programação, a sessão dedicada a projetos colaborativos latino-americanos revelou o fortalecimento da produção científica regional. Andrés Ferreri exaltou a importância da cooperação internacional, e o Dr. Luis Malpica Castillo reforçou que “a pesquisa em países de baixa e média renda é viável e fornece insights valiosos”. Um dos destaques foi a apresentação do estudo PELÉ pelo Dr. Guilherme Duffles, sobre linfoma extranodal no Brasil. 

“Observamos que o estômago foi o local mais comumente afetado, sendo o linfoma MALT o subtipo mais frequentemente observado neste órgão”, apontou Massimo Frederico. O evento foi encerrado com sessões interativas que reforçaram o compromisso do BLC com a troca de conhecimento e com o desenvolvimento de práticas clínicas adaptadas à realidade latino-americana.

No último dia do evento - Entre os destaques, na mesa “Retrospectiva de Linfomas e LLC: Congressos de 2024” foram realizadas as palestras “Leucemia Linfocítica Crônica”, com a Drª Danielle Leão, “Linfoma Difuso de Grandes Células B”, com a Drª Adriana Scheliga, e “Linfoma Folicular”, com do Dr. Jorge Vaz Pinto Neto. Dos estudos selecionados pelos palestrantes para serem apresentados pela relevância na área, muitos tinham como autores palestrantes internacionais que participaram da BLC 2025. Um marco!

Coube ao Dr. Michael Hallek, da Alemanha, realizar a conferência magna do BLC 2025. Fundador e chair do CLL Group Study, o principal grupo de estudos sobre Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) no mundo atualmente, Hallek trouxe um panorama sobre o passado, o presente e trouxe perspectivas sobre o futuro do diagnóstico e tratamento da doença.

Hoje a LLC está em queda contínua na mortalidade, com uma sobrevida em quase 90% para os pacientes e uma expectativa de vida chegando próximo à população em geral. Além disso, o especialista destacou que, normalmente, os medicamentos são facilmente administrados por via oral. No entanto, ainda é necessário entender melhor a dinâmica e diversidade biológica da doença, estabelecer ferramentas para atingir isso, melhorar o tratamento da doença refratária, selecionar esquemas que possibilitem uma boa qualidade vida aos pacientes e, em especial: “Precisamos garantir o acesso a novas terapias a todos os países do mundo”, disse.

Segundo Chiattone,o ponto alto da BLC foi ter tido a oportunidade de ter o professor Hallek: “É realmente um privilégio para todos nós.”

Na conclusão, Chiattone lembrou que os speakers internacionais têm uma agenda muito comprometida, o que facilita o fato de o evento ser on-line, reunindo especialistas altamente renomados de todo o mundo. “A sessão de perguntas após as palestras facilita esse networking e até eventuais visitas e a realização de pós-doutorados de brasileiros em outros países. Por isso, vamos continuar neste formato”, concluiu.

A BLC 2026 já tem data e acontece de 08 a 11/04/2026! Save the date!