Nesta sexta-feira (17), aconteceu o primeiro dia do Curso Educacional de Hemostasia e Trombose, em Belo Horizonte (MG), com 160 inscritos. Na abertura do encontro, a coordenadora do Comitê de Hemostasia e Trombose da ABHH, Dra. Ana Clara Kneese, anunciou que o objetivo do curso é ser prático, “não necessariamente sobre coagulação, mas sobre fatores importantes para que todos tenham o conhecimento necessário em casos emergenciais ou encaminhados, de forma prática”.
Logo em seguida, o Diretor Administrativo da ABHH, o hematologista mineiro Dr. Glaciano Ribeiro, deu as boas-vindas aos presentes e apresentou os benefícios de ser associado à ABHH, incluindo a novidade do acesso à biblioteca Clinical Key. Na primeira sessão temática, a Dra. Suely Rezende, também membro do Comitê da ABHH, falou sobre a Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo (SAA). Segundo ela, ainda há poucas evidências para guiar o tratamento, mas nos últimos anos, alguns estudos têm demonstrado avanços com desfechos intermediários.
Em uma discussão crítica sobre a nova diretriz de trombofilia da Sociedade Americana de Hematologia (ASH), Suely fez uma homenagem a Frida Kahlo, ao revelar que a ativista que tinha uma perna amputada provavelmente sofreu com alguma doença trombofílica, segundo relatos acadêmicos. Desta mesa, também participou Marcelo Luide Pereira Gonçalves.
Durante as apresentações, a professora Dayse Lourenço, também do Comitê da ABHH que organizou o evento, trouxe à tona um assunto em amplo debate, que é a condução da hormonização em pessoas trans e o acompanhamento quanto aos riscos de trombose e outros problemas de coagulação. Confira um vídeo que ela gravou após sua apresentação.
A respeitada Diretora da Divisão de Hematologia do Departamento de Clínica Médica da Unicamp, Margareth Ozelo, iniciou a sessão sobre hemofilia, destacando que os avanços nos tratamentos têm aumentado a expectativa e a qualidade de vida das pessoas com a doença, mas também trouxe questionamentos práticos. “Como lidar com um paciente com risco de infarto e que trata de doenças hemorrágicas, como a hemofilia? Casos de doenças trombofílicas também são desafiadores”, disse.
A programação da tarde começou novamente com a Dra. Ana Clara Kneese, que abriu as apresentações sobre Plaquetopenia. “Pacientes com fatores de risco devem ser avaliados em relação a tratamentos profiláticos ou hemostáticos”, provocou ao elucidar a questão durante sua apresentação.
Na sequência, sobre os desafios do tratamento da Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI), doença considerada rara, a Dra. Raquel Delgado focou sua apresentação em análises de casos no público idoso. “Quanto mais conhecemos o paciente, mais possibilidades de tratamento temos”, encorajou. Na mesma mesa, o Dr. João Carlos de Campos Guerra lembrou que “a mortalidade por Púrpura Trombocitopênica é de 95% quando não diagnosticada e tratada precocemente”.
Em mais um debate, a Dra. Ana Clara Kneese ressaltou que “a integração com a vivência do paciente, as observações e o acompanhamento da família são fundamentais para as decisões de tratamento”.
Na abertura da última sessão do dia, a Dra. Fernanda Orsi destacou a temática da saúde da mulher no evento. “Precisamos entender que a saúde da mulher não se resume ao sistema reprodutor, mas diz respeito ao corpo todo”, disse, ao passar o microfone para o Dr. Erich de Paula, da Unicamp, que fez uma apresentação detalhada sobre diagnóstico e escolha de tratamentos em mulheres que usam anticoncepcionais versus doenças do sangue.
A programação do Curso de Hemostasia e Trombose da ABHH continua na manhã deste sábado (18). As aulas serão disponibilizadas posteriormente na Hemoteca.
Confira alguns registros fotográficos do evento em nossas redes sociais (@abhhoficial)